« Home | No limite… » | sou um barco solitário » 

terça-feira, dezembro 13, 2005 

elegia


jogada n.º 47


já nada é o que era
e provavelmente nunca mais o será
e mesmo que o fosse
algo me diz que já não seria o que era
porque o que era
era o que era por ser o que era
do que eu me lembro muito bem
embora eu então não fosse o que agora sou
mas o que agora sou
ou estou a ser
é deixar de ser o que sou
porque eu sou deixando de ser
deixar de ser é a minha maneira de ser
sou a cada instanteo que já não sou
e o mesmo se deve passar com tudo o que é
motivo por que não admira que assim seja
quer dizer
que nada seja o que era
e se assim éou já não é
seja ou não seja

Alberto Pimenta, "Jogo de Pedras". appia. 1980