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quinta-feira, outubro 12, 2006 

Tributo ao sol




Põe em todo canto a face fecunda e se faz d’encanto,

urdura d’ouro nos frescos trigais lhe roubam formosura,

de vergel em vergel anda sua mão afinando paz e vento.

É aroma das florescências levando a cândida brandura!

De alma em alma, chamas ruivas que nunca entardecem,

e ainda amanhecem nas bocas da humanidade ancorada

nas paisagens da etérea naturaleza, que s'engrandecem,

debaixo dos olhares pousados na esperança a alvorada!

Cobre o silente aroma de flor, sombra em banho de Luz,

afast'atrás de si a úmida noturnidade afeit'aos sonhos,

rompe claras amarras, infla velas da paz. Destinos reluz!

o amigo da terra em suas marcas frutecend’os caminhos!

Aquece nas colheitas ávido frescor de ventos peregrinos,

que assobiam sempre cânticos velozes, bravos e serenos,

zumbindo entre arvoredos recheados de ninhos e flores,

dulcíssima e suprema Natureza, pingando esplendores!

Curva-se ao Sol esta alma errante aninhando em sua rede

de quietude, qu’ora acena e se despede, como se morresse

todo instante e contudo a cada poente s’acobreia de sede

e agoniza no inexorável sorriso, como se o caos vencesse!

Astro rei, segue abrasando! Encanto beirando o teu brilho,

cort'os montes multifulgentes d’incríveis fímbrias ruivas

e com teu candoroso luminar vivo, esconde-te no orvalho,

sonhado em meus sonos claros. Durmo enquanto te esquivas!


Inês Marucci - Santos-SP (30/07/2006)