Tributo ao sol
Põe em todo canto a face fecunda e se faz d’encanto,
urdura d’ouro nos frescos trigais lhe roubam formosura,
de vergel em vergel anda sua mão afinando paz e vento.
É aroma das florescências levando a cândida brandura!
De alma em alma, chamas ruivas que nunca entardecem,
e ainda amanhecem nas bocas da humanidade ancorada
nas paisagens da etérea naturaleza, que s'engrandecem,
debaixo dos olhares pousados na esperança a alvorada!
Cobre o silente aroma de flor, sombra em banho de Luz,
afast'atrás de si a úmida noturnidade afeit'aos sonhos,
rompe claras amarras, infla velas da paz. Destinos reluz!
o amigo da terra em suas marcas frutecend’os caminhos!
Aquece nas colheitas ávido frescor de ventos peregrinos,
que assobiam sempre cânticos velozes, bravos e serenos,
zumbindo entre arvoredos recheados de ninhos e flores,
dulcíssima e suprema Natureza, pingando esplendores!
Curva-se ao Sol esta alma errante aninhando em sua rede
de quietude, qu’ora acena e se despede, como se morresse
todo instante e contudo a cada poente s’acobreia de sede
e agoniza no inexorável sorriso, como se o caos vencesse!
Astro rei, segue abrasando! Encanto beirando o teu brilho,
cort'os montes multifulgentes d’incríveis fímbrias ruivas
e com teu candoroso luminar vivo, esconde-te no orvalho,
sonhado em meus sonos claros. Durmo enquanto te esquivas!