transconfusão
Não tenho escrito por falta de net e, possivelmente porque estive ocupado mentalmente com outras questões… mas hoje resolvi-me. E resolvi falar-lhes duma coisa, que é mesmo o transformar-se que se pode ver claramente e, não aquele que só alguns mais inteligentes podem compreender.Saído de um jantar de amigos resolvemos visitar um bar, coisa que não me apraz muito especialmente desde que deixei de beber álcool… Lá fomos. Estava eu encostado à parede e eis que uma linda rapariga se dirige a mim… estás bom? Há tanto tempo que não nos vimos, Estás na mesma… Ai o meu padrinho!… Lembras-te?, tu é que me puseste este nome de Marlene, chamavas-me Marlene Beatrix quando ensaiava os primeiros passos não bar da tia a fazer a Maria Rapaz… Realmente é assim este meu amigo na altura tinha até namorada e começou sendo barman da casa a ensaiar fazer um número de transformismo na brincadeira… Começou por querer brincar com um papel de mulher sendo ele homem que hoje acabou transformado pelos bisturis e hormonas femininas numa linda mulher…A voz já não é de falsete do rapazinho de 18 anos mas duma rapariga fina quase com ar de universitária bem educada… Passou mais de uma década desde a última vez que nos vimos e encontrei o Mário/Marlene…Pensam que sinto culpa por ter dado aquele nome ao papel que ele encarnava quando se travestia, não… Foi ele Mário quem se decidiu por esta máscara de si e levou-a do palco para casa e para a vida e tornou-se a Marlene…Realmente como um actor pega no papel, o leva consigo «incorporado» para casa e a máscara toma conta de si, é o que se passou aqui… Nas nossas vidas profissionais, relacionais ou familiares, nós, comuns mortais, que não somos nem actores nem somos transformistas, também somos muitas das vezes acometidos destas confusões de papéis. Confundimos amizade com paixão, o trabalho com o recreio e o lazer e este arrebata-nos nas conversas com os nosso amigos que não nos compreendem e nós vestidos ainda com a «farda de trabalho» em todos os nossos poros…. Enfim todos confundimos papéis mas nem todos nos apaixonamos tanto por eles que não sejamos capazes de reagir e fazer o luto desses mesmo papeis e retransformarmo-nos naquilo que realmente sempre fomos… gente comum sem desejos de vir a ser outro… enfim estamos bem na nossa pele... falo por mim. |