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domingo, junho 25, 2006 

Conto de favas


Ah, como é bom atravessar os trilhos da vida para arrepiar caminho até ao desconhecido do nosso viver de todos os dias. Em rigor, há caminhos fáceis, porém, se tornarão perigosos se eu não os conhecer. Se me aventurar por eles, posso ser roubado e vilependiado. Daí que ser bastante mais seguro viver com a realidade aprendi e já sei e conheço. Então, chego a pensar que saber o que se deseja é bem melhor do que embirrantemente estar-se contra ou dizer-se à boca cheia: "sei que não vou por ali". O futuro é desconhecido e eu só conheço a realidade do meu agora.
Esta pequena mania de se postular a vida pela negatividade, embora usando afirmações tão preremptórias que parecem reais e positivas, mas que não passam de devaneio bobo, materialista, tal qual a persistência em não querer comer a sopa de uma menina mimada.

Conto-vos uma história real, passada na frente do meu nariz: Minha irmã quando era pequena embirrava nunca comer favas sempre que esta era a refeição da família. Nunca as provara, mas não gostava, esperneava ela. Sei lá, a moça embirrava pra ali, dava-lhe para ali... Cá em casa toda a gente adorava e ela não. Um dia o senhor da casa, meu pai afinfou-lhe um estaladão e um berro “comes ou não comes!” e ela qual passe de mágica comeu as favas todas... Hoje são favas contadas, habituou-se e largou a mania de que não comia uma coisa que até ao momento nunca tinha saboreado e que desconhecia...

Com tanta dor que por aí grassa nos corações solitários e tristes da humanidade sofredora, sedenta de solidariedade, de carinho e afecto, mas que de narcísica boca cheia afirma dizer e contar "eu sei que não gosto disto, deste e daquele e daqueloutro..." Que tolice mais esbragada! Quando todos precisamos de todos tal qual somos, o mais simples que somos e não a mania daquilo que pretendemos querer ser... Vivendo em democracia, necessitamos de conviver até com aqueles que são nosos inimigos de ideologia... e, claro está
que não é às palmadinhas nas costas que essa dificícil relação se estabelece. Penso que é pelo uso das boas regras da comunicação que a liberdade nos faculta, sendo assim, obrigados a comunicar com todos. Se queremos viver nesta sociedade, fazê-lo é imposição e lei natural da vida. Que se superem divergências embora, seja lícito a luta dos contrários que naturalmente não se unem.

Então seria mesmo muito bom para certas pessoas verificarem que muitas vezes o que dizem é apenas devaneio. Seria bom até, observar-se que certas convicções que parecem muito fortes, serão apenas da boca para fora, pequenas manias de circunstância... Na realidade sofre-se mais com o que se diz desta forma pois que, no fundo esse pensamento tão certo hoje, amanhã se dilui na realidade existencial.

Neste mundo, de seres humanos, impera a insegurança e algum desequilíbrio emocional e, eu reparo, que cada vez são mais as pessoas, que descambam ora na euforia, no devaneio e no deleite ora na afasia e no solilóquio entre quatro paredes tentando fugir do mundo e das dificuldades que ele nos coloca para o vencer (não me excluo dessas pessoas)...

Contudo, muitas vezes o senhor da vida, a lei natural que tudo penetra e imanta, a própria vida e o nosso próprio viver se encarregam de pregar-nos partidas, e, por portas e travessas, acontecem-nos uns furacões, uns terramotos, mas também ao contrário, acontecem os abraços e os beijos. Então, isto não nos obrigará a saber que somos seres individuais, mas que vivendo em sociedade, bem precisamos de ser mais solidários?
A meu ver, somos feitos dos mesmos princípios (material e espiritual) e não somos outra coisa que irmãos neste cósmico universo, onde tudo é relativamente muito pequeno, especialmente nós próprios... e achampoos que, quando pensamos negativamente, irradiamos esse pensamento a uma velocidade superior á velocidade da luz e contaminamos e poluímos o resto do Universo...
Da mesma forma, poderemos fazer ao contrário. Isto é, pensar bem!

Guerreiro da Luz