Solidão vs. Solitude
Espectro cruel que se origina nas paisagens do medo, a solidão é, na actualidade, um dos mais graves problemas que desafiam a cultura e o homem.
O homem solitário, todo aquele que se diz em solidão, excepto nos casos patológicos, é alguém que se receia encontrar, que evita descobrir-se, conhecer-se, assim ocultando a sua identidade na aparência de infeliz, de incompreendido e abandonado.
A verdadeira solidão – a mente estar livre, descomprometida, observando sem discutir, sem julgar – é um estado de virtude – nem memória conflitante do passado, nem desespero pelo futuro não delineado – geradora de energia, de coragem.
A solidão propicia a visão desfocada da realidade, ao tempo que embrutece, alienando o homem, que perde o contacto com os valores sociais nos quais se expressam as leis do progresso moral.
A neurose de solidão é uma doença contemporânea, que ameaça o homem distraído pela conquista dos valores de pequena monta, porque transitórios.
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Por outro lado,
Solitude com reflexão, a fim de viver no tumulto sem desesperação, saudavelmente, tranquilamente, eis o impositivo do momento.