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terça-feira, junho 06, 2006 

Nosso coração é uma casa




Nosso coração é uma casa onde ninguém entra e sai, com ou sem nossa permissão, sem deixar marcas nas paredes.

Muitos deixam marcas profundas de felicidade; outros deixam cicatrizes que marcarão nossa vida para sempre.

Os amigos deixam marcas fortes, mas suaves.

E cada vez que tocamos nossa alma com nossas recordações lá estão os traços, invisíveis, mas legíveis, como as escrituras em Braile.
É suficiente fechar os olhos para ver toda uma história gravada nas paredes do nosso ser. Nesses momentos nosso rosto sorri sozinho.

Os amores perdidos deixam marcas irrecuperáveis: eles deixam um gosto doce e amargo ao mesmo tempo.

Amargo na maioria das vezes.
Sim, eles têm mais gosto que qualquer outra coisa e sempre sobem a nossa garganta quando as lembranças nos assaltam.

Tristes são as marcas das dores que deixaram os que nos fizeram mal.

São as cicatrizes que deformam nossas vidas se não aprendemos a conviver com elas.
Mesmo se queremos ir adiante, de vez em quando nosso olhar se volta para esses rabiscos mal traçados e sentimos a dor tal e qual no primeiro dia.

Quantas vezes não impedimos que alguém entre por causa de preconceitos ou idéias pré-concebidas, ou medo de tentar de novo uma nova relação.

Ao primeiro olhar, nos trancamos.

Outras vezes, sem muita consciência, deixamos entrar quem não valia muito a pena.
Somos maus juízes porque confiamos demais nos nossos olhos e de menos no nosso coração. Devemos pedir a Deus que nos dê um pouco mais de dicernimento, pois agindo por nós mesmos, podemos estar nos trancando a maravilhosos encontros.

De vez em quando, é preciso fazer uma boa faxina nessa casinha tão preciosa.
É preciso polir carinhosamente, realçar as marcas bonitas e passar tinta nova e clara nas paredes; de vez em quando é bom abrir as janelas e deixar que o sol entre e ilumine todos os cômodos.
E enfeitar com as janelas com flores de cores vivas e alegres.

De vez em quando é mesmo muito importante achar o cantinho mais gostoso dessa casa e sentar-se nele.

E rir do nada.
E
jogar os ressentimentos para bem longe. Sentir-se bem consigo.

Se nosso coração é uma casa, faça do seu a casa dos seus sonhos.

Lembre-se que não importa quantos entram e saem, você é o dono, só você é responsável. Faça mudanças necessárias.

Jogue o inútil no lixo.
Só não se esqueça, nessa mudança, de colocar de volta nas paredes essas marcas benditas que deixaram esses que foram bênçãos na sua vida.

Dê a mão aos doces momentos, os momentos felizes.
Tudo o mais é inútil, tudo o mais deve ficar pra trás.

Letícia Thompson