A Concha
A minha casa é concha. Como os bichos
Segreguei-a de mim com paciência:
Fachada de marés, a sonho e lixos,
O horto e os muros só areia e ausência.
Minha casa sou eu e os meus caprichos.
O orgulho carregado de inocência
Se às vezes dá uma varanda, vence-a
O sal que os santos esboroou nos nichos.
E telhados de vidro, e escadarias
Frágeis, cobertas de hera, oh bronze falso!
Lareira aberta ao vento, as salas frias.
A minha casa... Mas é outra a história:
Sou eu ao vento e à chuva, aqui descalço,
Sentado numa pedra de memória.
Vitorino Nemésio, in Poesia (1935-1940)
Olha eu também adoro Nemésio cresci a escutá-lo na RTP, penso que aprendi muito com ele... e a gostar dos açores e admirar as pessoas das ilhas, que ainda mal conheço.
Posted by Guerreiro da Luz | 10:40 da tarde
Não conhecia esse poema, mas não deixa de ser bastante bonito!Gostei....Abraço....(eu a comentar poemas sou mesmo mau...LOL)
Posted by Anónimo | 10:57 da tarde
gaybriel não importa que comentes bem ou mal, apenas a sensibilidade da sua leitura foi o objectivo ao postá-lo.
Abraço grande.
Posted by Guerreiro da Luz | 4:54 da manhã